Excelente Sexxxta Feira a todos e para não perder o costume... Capítulo 05 na Veia ^^
Capítulo 05 – TUDOS.
Fim de tarde com
chuva forte, estou sentado em uma mesa qualquer, em um Café e Tabacaria que
sequer me dei o trabalho de guardar o nome, estou apenas curtindo minha tarde
de folga, Afinal também sou “meio” filho de Deus, e minha caça só sai no cair
da noite.
Observo o
crepúsculo por uma janela que fica próxima ao lugar que estou sentado, a
mobília do estabelecimento é bem rústica, porém bastante limpo e organizador, o
tom madeira está por toda a parte, sob o Balcão, nas mesas, cadeiras e até
mesmo no chão que é de tábua corrida. A garçonete, uma jovem loira, de pele
alva e bem cuidada, um pouco acima do peso, mas isso não retira seu charme,
apenas acrescenta um “algo a mais” no pacote, sobrancelhas bem feitas, roupas
bem passadas e alinhadas, dando a muitos pervertidos bastante material para
fantasiar em seus momentos de justiça solitária.
O ambiente é bem
escuro, e a decoração contribui para dar esse ar soturno ao estabelecimento, se
alguém está fugindo do dia, parece que aqui é um bom lugar para eu vir fumar
meu cigarro sossegado e apreciar uma ótima vista do fim de tarde, tenho que
lembrar de anotar o nome daqui. Atrás do balcão um quadro, desses que se
prendem fotos de grupos de clientes, pessoas com canecas do lugar, festinhas de
aniversário e etc. Mas o que chama minha atenção nesse quadro, é que a maioria
deles está desaparecida, coincidência não?
- O Senhor deseja
mais alguma coisa? – Pergunta a garçonete
trazendo-me de volta à realidade.
- Apenas mais um
café, obrigado. – Respondo à jovem.
Enquanto aguardo
meu café, aprecio os diversos odores dentro do estabelecimento, e entre eles um
em especial me atrai, um cheiro que aguça minha fera sanguinária, que a cada
100 anos precisa ser saciada, o odor doce e férreo de sangue vertente, a Besta,
estimulada por meu lado demônio luta bravamente para sair, resisto fortemente,
mas é uma luta de dois contra um, faz mais de um século que não provo o sabor
desse líquido, a vontade é imensa, aos poucos vou perdendo o controle, mas tenho
consciência disso, tiro uma nota de 50,00 para pagar uma conta de 15,00 e deixo
o troco com a Garçonete, ela protesta, pois meu café acaba de ficar pronto,
bebo todo em uma única virada e saio correndo dali, não posso ferir
ninguém......
Caminho pela chuva,
ainda em batalha contra a fera, preciso me afastar, caminho pelas tortuosas
ruas da cidade, chegando a me apoiar diversas vezes na parede, a sede é
insuportável, eu sei disso, sinto como se meu estômago desejasse virar do
avesso, sinto o calor subir pela espinha, minhas mãos estão tremulas, minha
visão vai ficando turva aos poucos, caminho em direção ao parque, não vai dar
para chegar em casa, como está chovendo, ninguém em são consciência iria para
um lugar que não oferece abrigo, ledo engano.
Logo na entrada,
dou de cara com uma jovem, corpo escultural, perfeito demais para ser humana, ela
usa uma camiseta azul clara, coladíssima ao corpo, revelando, sem pudor algum,
todas as curvas de seu tronco, no rosto, uma maquiagem leve mas chamativa, por
sua pele morena clara contrastar com a sombra e batom azuis, do exato tom da
cor de seu cabelo.
Ela olha para mim
com aqueles intensos olhos azul safira, dando um sorriso como o de uma criança
inocente que encontra um parente, ela se aproxima de mim e envolve meu pescoço
com seus braços, minha consciência já está a menos de um fio e ela parece
perceber isso pois o sorriso muda de criança para mulher, travessa e
provocante, como se desejasse que eu a atacasse ali mesmo, mas consigo não me
mover, o esforço é mais que assombroso.
- Por que se
segura tanto? – Ela me instiga sussurrando a meu ouvido. – “Fui enviada para
isso, existe uma guerra prestes a estourar e meu rei precisa do mais poderoso
dos seres a seu lado, encare-me como um presente, meu sangue não irá saciar sua
fome, mas irá ajudar-lhe a controlar essa fera.” – Como que para me provocar
mais ainda, ela me abraça forte, sinto seu coração bater sob meu peito, ela
mordisca minha orelha e me beija a escápula, sinto sua língua brincar sob minha
pele, e pra piorar, percebo que o odor de sangue que sentira antes vinha dela,
de um leve corte em seu pescoço, que ao se mover a “súcubos” na minha frente
faz questão de roçá-lo em meus lábios.
Resisto ao máximo
que posso, mas a fera finalmente vence, sinto meus caninos crescerem, meu braço
direito passando por sua cintura e apertando-a junto a seu corpo, minha mão
esquerda desliza pelas costas da mulher até encontrar sua nuca, uma vez lá,
meus dedos se deixam ser envolvidos por seus cabelos, giro-os envolta do punho
e fecho em seguida, num movimento rápido puxo sua cabeça para trás e cravo
minhas presas em sua pele, na altura do seio esquerdo, dali começo a sugar seu
sangue, que é doce, me faz querer cada segundo mais, ouço-a gemer com o prazer
que a mordida proporciona, mas nem me importo, tudo que desejo é saciar minha
fera, e pouco a pouco vai escurecendo, mas não largo, continuo a me saciar, e
por fim, perco a consciência.
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Desperto dentro
de uma caverna, a iluminação é muito fraca, aos poucos vou colocando as idéias
no lugar. “Odeio ressaca!” Minha cabeça está explodindo como se eu tivesse
tomado um rio de vodka ou rum, noto uma fogueira mais a frente, me levanto com
uma certa dificuldade. “O que tinha no sangue daquela mulher?” Me pergunto.
- Nada que possa
lhe fazer mal Shemânphora! – Responde uma voz masculina vinda de trás de mim.
Me viro quase que
instantaneamente em posição de guarda pronta para o combate, e vejo, sentado
numa cadeira a meia luz, um homem trajando finas vestes, destoantes para a
época que estamos. Parece mais um nobre renascentista, cabelos e olhos
castanhos, sua pele, morena marcada pelo sol, nos lábios um sorriso sarcástico,
que me faz lembrar alguém mas não consigo me lembrar no momento.
- Quem é você? –
Pergunto, logo de cara e preparo-me para iniciar um combate.
- Acalme-se meu
nobre amigo, sei quem você é, e sei também de suas capacidades, e posso lhe
garantir que não poderá testá-las contra mim nesse momento, você está um pouco
debilitado, sangue de fada faz isso quando você não está acostumado.
Eu sequer havia
notado, mas a jovem de cabelos azuis estava de pé atrás do homem, ela me olhava
e mantinha o ar desafiador de antes, como se estivesse orgulhosa de estar ali. “Mas
espera um pouco, ele disse FADA?” O sorriso de meu anfitrião se amplia tanto
que chego a pensar que estou de frente para o Cheshire, de Alice no País das
Maravilhas, principalmente por que os olhos castanhos se tonam verde esmeralda
bem na minha frente, e quando ameaço ir em sua direção, uma mão no meu ombro
impede que eu salte. Quando olha na direção do meu captor, sou surpreendido,
pois se tratava do homem que a um segundo atrás estava a minha frente, como se
houvessem dois dele, se houvesse velocidade sobrenatural ali eu notaria, nem a
velocidade de um Ancila passa despercebida por mim, algo diferente ocorreu ali.
- Foi exatamente
isso que eu disse, Sr Yanagor, Fadas. – Responde o homem que segura meu ombro. –
“E estamos aqui pois querem fazer uma bagunça tão grande que nem nossos
Gremlins são capazes, precisamos de sua ajuda.” – Continua o outro sentado, mas
dessa vez ele está sério. “– Pois bem...” – Continua ele “ – Sou Robin Tudos,
rei da Corte Feérica, muito prazer. – Ele Faz uma exagerada reverência em minha
direção.
- Espera um
pouco. – Interrompo “– Você disse TUDOS?”
- Sim,
exatamente, sei que você vai começar com ‘estamos desaparecidos’ e um monte de
bla, bla, blás. Sim você está certo, e eu também, essa é a parte divertida de
ser fada, mas irei lhe explicar isso no devido tempo, mas seu problema maior
não sou eu, e sim um tal de Beliasviel Tudos, ou Henrique Delacroix, como você
deve conhecê-lo, tenho uma novidade pra você, você não foi o primeiro da sua
estirpe, existiram dois que lhe precederam, um deles está planejando reabrir os
portais do abismo. Quem você acha que ensinou Nerislav a fazer de você o que é
hoje?
Antes mesmo de eu responder ele continua...
- Isso mesmo, um Tudos devorou tantos demônios que
enjoou do sabor e começou a devorar anjos também, assim nasceu Beliel, o
primeiro Shemânphora, mas Beliel é artificial, ele precisa devorar mais demônios
e mais anjos para se manter poderoso, ele tentou criar outro como ele, mas deu
errado, mas com essas experiências ele descobriu você, uma forma de criar um
puro, e uma forma de controlar esse poder bruto, por um acaso você tem
conhecimento do tipo de poderes que possui? Ou realmente acredita que acaba com
regeneração, super sentidos e super força?
- Não? – Pergunto mesmo já sabendo da resposta.
- Não Yanagor, você tem mais poder do que só isso,
e ao contrario do que você acredita, você é muito mais que apenas um ser
maldito criado de uma união proibida, você é a peça chave para a guerra que
esse louco está para gerar, pois foi o sangue de um Shemânphora puro, o seu
sangue, que lacrou os portais, levando Beliel a uma subsistência se alimentando
do sangue e humanos e de vampiros, infelizmente paguei um preço um pouquinho
alto, fui banido para o mundo das fadas, aqui fiz meu ‘pé de meia’ se é que me
entende. - A jovem senta em seu colo e o abraça, com o afeto de uma amante
diante de seu amado.
- Sinto muito por tê-lo envolvido nessa coisa toda,
mas você precisava saber, pois os dois últimos Tudos, foram transformados em
Shemânphora. Se olhar por esse ponto de vista, você é uma criação tanto minha quanto
de Beliel, isso faz de você um Legado, você carrega sob suas costas algo maior
que seus três pares de asas, você sempre buscou um objetivo pra sua vida não
buscou, estou te entregando a responsabilidade de proteger toda a humanidade e
manter o equilíbrio entre os mundos, sobre sua fome centenária, sinto muito,
posso lhe enviar quantas fadas forem necessárias, mas será uma solução
temporária, o único meio é tomar o sangue de um mortal.
- Nem tudo em nossas vidas é fácil não é? –
Comento.
- Esse é o espírito garoto! – Diz o Tudos voltando
a sorrir. “– Volte aqui amanhã durante os primeiros raios da alvorada, só
consigo aparecer ou ao nascer ou no por do Sol, agora acho que você tem
trabalho, boa sorte Yanagor Tudos....
Ditas estas palavras, Robin e sua acompanhante
começam a se tornar transparentes até por fim desaparecerem, praguejo um pouco
pego meu maço de cigarros, quase todos molhados, mas felizmente salvei um. Pego
meu isqueiro, encharcado, penso nas palavras do ‘Rei das Fadas’, ponho o
cigarro na boca e trago mesmo sem ele estar aceso e como num passe de mágica,
sua ponta fica incandescente, e começo a fumar, dou um sorriso e saio
caminhando em direção da saída da caverna, percebendo que ainda estou no parque
e parou de chover, é hora de caçar.....
CONTINUA...