quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Bom pessoas, chega de esperar, com vocês.....



Capítulo 06 – Visitas


20:00 – Chove intensamente, Anabelle está sentada confortavelmente na poltrona do apartamento de Yanagor enquanto observa a lareira acesa, o fogo sob a madeira lhe trás lembranças nostálgicas...

Uma jovem, idêntica a ela amarrada a um tronco, com vários outros dispostos abaixo de seus pés, uma chama de tocha é jogada sob os troncos e rapidamente a jovem Lisys Tudos, grita agonizantemente por ser consumida pelas chamas. Ela implora por sua vida, alegando não ser bruxa, que haviam pego a pessoa errada, mas de nada adianta, minutos depois o silêncio e o cheiro de carne queimada toma conta do ar.

Em outro momento, a verdadeira Anabelle, uma mulher de pele clara, cabelos e olhos negros como o céu noturno, arrancando do corpo a própria pele e olhos, para os mesmos se regenerarem, mas com a aparência da Jovem Lisys.

Mais uma lembrança, um jovem completamente apaixonado chamando-a de Lisys, implorando perdão por tê-la deixado, dizendo que isso nunca mais aconteceria. Foi quando Anabelle trouxe o pobre Stephan para a “vida” noturna.

- Ora ora! Perdida em pensamentos minha cara? – Diz uma voz masculina vindo de uma sombra atrás da vampira. – Não adianta Anabelle, você sabe que mais cedo ou mais tarde ele descobrirá, então por que continuar com essa farsa?

- Você.... – A Vampira sussurra entre dentes e semicerrando os olhos, um brilho avermelhado toma conta das íris da “jovem” e algumas das chamas deixam a lareira para ficarem flutuando em pequenas bolas ao redor dela. – O que quer aqui Henrique.

- Nada demais, só quero saber até quando vai ostentar esse objeto que me pertence por direito, você sabe que sua não vida só existe por te dei a dica de como culpar minha sobrinha por seus crimes, e ela, coitadinha, deu o anel da família para o amado Stephan, que lhe entregou enquanto achava que você era Lisys, mas chega de momento nostálgico, vamos aos negócios, quer manter esse anel ainda em seu dedo?

Quase que sem notar Anabelle põe sua mão direita sob a aliança, que ela ostenta na mão, que é muito mais que um mero adereço de compromisso, trata-se do lendário anel dos Tudos, o artefato que tem o propósito de ocultar por completo o que o usuário desejar, no caso de Anabelle, a fera sádica e assassina que ela era, pois conseguia simular qualquer sentimento, nem mesmo os poderes de leitura sobrenatural são capazes de decifrar o usuário, pelo contrario, o usuário os faz com que o “leitor” enxergue a coisa mais inofensiva que existe, foi assim que ela fingiu amar Stephan até ele perder a utilidade, e foi assim que atraiu Yanagor para protegê-la, pois sabia que Beliasviel, ou melhor Henrique Delacroix, estava atrás do artefato que ela possuía.

- Fale logo sem rodeios, Beliel.....

As sombras do local se tornam muito mais densas e parecem se mover, a escuridão parece começar a se tornar tangível, pois Anabelle chega a sentir o toque gelado das sombras passarem por seu corpo e consumirem  como se nada fossem, as chamas que ela sustentava com seus poderes, o medo é tão intenso que a vampira fica imóvel, sente uma vontade louca de fugir dali, correr para o mais longe que pudesse, mas suas pernas decidiram não obedecer, e do ponto mais escuro do apartamento, ela pode ver nitidamente dois grandes olhos amarelos, nada próximo dos humanos, era algo muito bestial, muito grandes e pareciam chamas amarelas, ela não sabe por que mas percebe que suas pernas tremem, a vontade de chorar é imensa, se sente como uma criança encarando o bicho papão, mas está vendo apenas os olhos dele, ela deseja do fundo de seu ser não ver o resto.

Como se sentisse o medo de sua presa o demônio sorri, exibindo uma bocarra tão grande que nem de perto lembra um humano, o mais próximo seria um sorriso de desenho animado, que se estende de uma orelha a outra e casa um dos dentes fossem dentes de tubarão, aí sim teríamos uma idéia desse sorriso.

- Ouça, mas ouça muito bem, fedelha!   Nunca mais você irá se referir a mim por esse nome, nem pelo meu verdadeiro nome, e irá fazer exatamente o que eu vou lhe dizer.....

O monstro faz uma pausa antes de começar a falar:

- Uma King irá entrar em confronto direto com Ágata Belmont, você trará o sangue das duas para mim, caso contrário eu retornarei, e garanto que seu amiguinho, que se acha o mais poderoso dos seres, irá sentir na pele a diferença de idade que nos separa, não ouse me desafiar, estou cansado dessa brincadeira de criança, chegou a hora das trevas.

Anabelle, sente que as sombras realmente estão vivas, e atendem à vontade de Henrique, tanto que as mesmas criam pontas e fazem pequenos cortes no rosto da vampira, enquanto algumas se prendem a seus braços e pernas para que essa não se mova, ela sente sua carne ser cortada pelas pontas assim como a dor em seus pulsos e tornozelos.

- Espero que tenha entendido meu recado! – Diz a voz de Delacroix, vindo bem próximo ao ouvido de Anabelle, tanto que ela chega a sentir o hálito do ser em sua nuca, e o toque quente da língua da criatura em seu pescoço, descendo por seu colo por baixo do vestido, se movendo como uma cobra e enroscando-se em seus seios e em seguida retornando deixando apenas aquela sensação de umidade que é deixada quando lambemos a pele de alguém.

Depois disso, as sombras liberam Anabelle, que cai no chão e chora de soluços, pela raiva que está sentindo por ser incapaz de se defender, logo ela que nunca dependera de ninguém, mas ela iria dar o troco, mas primeiro, precisava da cabeça de todos os Belmonts restantes....

Ela se levanta e vai ao banheiro se lavar, enquanto usa de seu poder para reacender a lareira e incinerar o vestido que usava.

- Nada aconteceu! – Repetia ela durante o banho, apenas irei seguir como planejei, destruirei os Belmont, os King e por fim o que restou dos Tudos, passando que meu “querido” Yanagor.

Risadas estridentes podem ser ouvidas ecoando por todo o apartamento, o som das mesmas é tão alto que abafam o “Click” da porta sendo destrancada e aberta aos poucos, revelando que fora arrombada com maestria, e o arrombador é um homem de meia idade, trajando todo em negro, e carregando um chicote, uma espada, preso ao peito uma bandoleira com estacas, preso às costas um tipo de lançador de Virotes.

- Reconheceria essa risada mesmo que fosse no inferno, hoje me vingo! – São as palavras de Kayrus Belmont, enquanto termina de entrar no apartamento, pegando sua besta de repetição...

CONTINUA...

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