sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Excelente Sexxxta Feira a todos e para não perder o costume... Capítulo 05 na Veia ^^

Capítulo 05 – TUDOS.

                Fim de tarde com chuva forte, estou sentado em uma mesa qualquer, em um Café e Tabacaria que sequer me dei o trabalho de guardar o nome, estou apenas curtindo minha tarde de folga, Afinal também sou “meio” filho de Deus, e minha caça só sai no cair da noite.

                Observo o crepúsculo por uma janela que fica próxima ao lugar que estou sentado, a mobília do estabelecimento é bem rústica, porém bastante limpo e organizador, o tom madeira está por toda a parte, sob o Balcão, nas mesas, cadeiras e até mesmo no chão que é de tábua corrida. A garçonete, uma jovem loira, de pele alva e bem cuidada, um pouco acima do peso, mas isso não retira seu charme, apenas acrescenta um “algo a mais” no pacote, sobrancelhas bem feitas, roupas bem passadas e alinhadas, dando a muitos pervertidos bastante material para fantasiar em seus momentos de justiça solitária.

                O ambiente é bem escuro, e a decoração contribui para dar esse ar soturno ao estabelecimento, se alguém está fugindo do dia, parece que aqui é um bom lugar para eu vir fumar meu cigarro sossegado e apreciar uma ótima vista do fim de tarde, tenho que lembrar de anotar o nome daqui. Atrás do balcão um quadro, desses que se prendem fotos de grupos de clientes, pessoas com canecas do lugar, festinhas de aniversário e etc. Mas o que chama minha atenção nesse quadro, é que a maioria deles está desaparecida, coincidência não?

                - O Senhor deseja mais alguma coisa? – Pergunta a garçonete  trazendo-me de volta à realidade.

                - Apenas mais um café, obrigado. – Respondo à jovem.

                Enquanto aguardo meu café, aprecio os diversos odores dentro do estabelecimento, e entre eles um em especial me atrai, um cheiro que aguça minha fera sanguinária, que a cada 100 anos precisa ser saciada, o odor doce e férreo de sangue vertente, a Besta, estimulada por meu lado demônio luta bravamente para sair, resisto fortemente, mas é uma luta de dois contra um, faz mais de um século que não provo o sabor desse líquido, a vontade é imensa, aos poucos vou perdendo o controle, mas tenho consciência disso, tiro uma nota de 50,00 para pagar uma conta de 15,00 e deixo o troco com a Garçonete, ela protesta, pois meu café acaba de ficar pronto, bebo todo em uma única virada e saio correndo dali, não posso ferir ninguém......

                Caminho pela chuva, ainda em batalha contra a fera, preciso me afastar, caminho pelas tortuosas ruas da cidade, chegando a me apoiar diversas vezes na parede, a sede é insuportável, eu sei disso, sinto como se meu estômago desejasse virar do avesso, sinto o calor subir pela espinha, minhas mãos estão tremulas, minha visão vai ficando turva aos poucos, caminho em direção ao parque, não vai dar para chegar em casa, como está chovendo, ninguém em são consciência iria para um lugar que não oferece abrigo, ledo engano.

                Logo na entrada, dou de cara com uma jovem, corpo escultural, perfeito demais para ser humana, ela usa uma camiseta azul clara, coladíssima ao corpo, revelando, sem pudor algum, todas as curvas de seu tronco, no rosto, uma maquiagem leve mas chamativa, por sua pele morena clara contrastar com a sombra e batom azuis, do exato tom da cor de seu cabelo.

                Ela olha para mim com aqueles intensos olhos azul safira, dando um sorriso como o de uma criança inocente que encontra um parente, ela se aproxima de mim e envolve meu pescoço com seus braços, minha consciência já está a menos de um fio e ela parece perceber isso pois o sorriso muda de criança para mulher, travessa e provocante, como se desejasse que eu a atacasse ali mesmo, mas consigo não me mover, o esforço é mais que assombroso.

                - Por que se segura tanto? – Ela me instiga sussurrando a meu ouvido. – “Fui enviada para isso, existe uma guerra prestes a estourar e meu rei precisa do mais poderoso dos seres a seu lado, encare-me como um presente, meu sangue não irá saciar sua fome, mas irá ajudar-lhe a controlar essa fera.” – Como que para me provocar mais ainda, ela me abraça forte, sinto seu coração bater sob meu peito, ela mordisca minha orelha e me beija a escápula, sinto sua língua brincar sob minha pele, e pra piorar, percebo que o odor de sangue que sentira antes vinha dela, de um leve corte em seu pescoço, que ao se mover a “súcubos” na minha frente faz questão de roçá-lo em meus lábios.

                Resisto ao máximo que posso, mas a fera finalmente vence, sinto meus caninos crescerem, meu braço direito passando por sua cintura e apertando-a junto a seu corpo, minha mão esquerda desliza pelas costas da mulher até encontrar sua nuca, uma vez lá, meus dedos se deixam ser envolvidos por seus cabelos, giro-os envolta do punho e fecho em seguida, num movimento rápido puxo sua cabeça para trás e cravo minhas presas em sua pele, na altura do seio esquerdo, dali começo a sugar seu sangue, que é doce, me faz querer cada segundo mais, ouço-a gemer com o prazer que a mordida proporciona, mas nem me importo, tudo que desejo é saciar minha fera, e pouco a pouco vai escurecendo, mas não largo, continuo a me saciar, e por fim, perco a consciência.

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                Desperto dentro de uma caverna, a iluminação é muito fraca, aos poucos vou colocando as idéias no lugar. “Odeio ressaca!” Minha cabeça está explodindo como se eu tivesse tomado um rio de vodka ou rum, noto uma fogueira mais a frente, me levanto com uma certa dificuldade. “O que tinha no sangue daquela mulher?” Me pergunto.

                - Nada que possa lhe fazer mal Shemânphora! – Responde uma voz masculina vinda de trás de mim.

                Me viro quase que instantaneamente em posição de guarda pronta para o combate, e vejo, sentado numa cadeira a meia luz, um homem trajando finas vestes, destoantes para a época que estamos. Parece mais um nobre renascentista, cabelos e olhos castanhos, sua pele, morena marcada pelo sol, nos lábios um sorriso sarcástico, que me faz lembrar alguém mas não consigo me lembrar no momento.

                - Quem é você? – Pergunto, logo de cara e preparo-me para iniciar um combate.
                - Acalme-se meu nobre amigo, sei quem você é, e sei também de suas capacidades, e posso lhe garantir que não poderá testá-las contra mim nesse momento, você está um pouco debilitado, sangue de fada faz isso quando você não está acostumado.
               
                Eu sequer havia notado, mas a jovem de cabelos azuis estava de pé atrás do homem, ela me olhava e mantinha o ar desafiador de antes, como se estivesse orgulhosa de estar ali. “Mas espera um pouco, ele disse FADA?” O sorriso de meu anfitrião se amplia tanto que chego a pensar que estou de frente para o Cheshire, de Alice no País das Maravilhas, principalmente por que os olhos castanhos se tonam verde esmeralda bem na minha frente, e quando ameaço ir em sua direção, uma mão no meu ombro impede que eu salte. Quando olha na direção do meu captor, sou surpreendido, pois se tratava do homem que a um segundo atrás estava a minha frente, como se houvessem dois dele, se houvesse velocidade sobrenatural ali eu notaria, nem a velocidade de um Ancila passa despercebida por mim, algo diferente ocorreu ali.

                - Foi exatamente isso que eu disse, Sr Yanagor, Fadas. – Responde o homem que segura meu ombro. – “E estamos aqui pois querem fazer uma bagunça tão grande que nem nossos Gremlins são capazes, precisamos de sua ajuda.” – Continua o outro sentado, mas dessa vez ele está sério. “– Pois bem...” – Continua ele “ – Sou Robin Tudos, rei da Corte Feérica, muito prazer. – Ele Faz uma exagerada reverência em minha direção.

                - Espera um pouco. – Interrompo “– Você disse TUDOS?”

                - Sim, exatamente, sei que você vai começar com ‘estamos desaparecidos’ e um monte de bla, bla, blás. Sim você está certo, e eu também, essa é a parte divertida de ser fada, mas irei lhe explicar isso no devido tempo, mas seu problema maior não sou eu, e sim um tal de Beliasviel Tudos, ou Henrique Delacroix, como você deve conhecê-lo, tenho uma novidade pra você, você não foi o primeiro da sua estirpe, existiram dois que lhe precederam, um deles está planejando reabrir os portais do abismo. Quem você acha que ensinou Nerislav a fazer de você o que é hoje?

Antes mesmo de eu responder ele continua...

- Isso mesmo, um Tudos devorou tantos demônios que enjoou do sabor e começou a devorar anjos também, assim nasceu Beliel, o primeiro Shemânphora, mas Beliel é artificial, ele precisa devorar mais demônios e mais anjos para se manter poderoso, ele tentou criar outro como ele, mas deu errado, mas com essas experiências ele descobriu você, uma forma de criar um puro, e uma forma de controlar esse poder bruto, por um acaso você tem conhecimento do tipo de poderes que possui? Ou realmente acredita que acaba com regeneração, super sentidos e super força?

- Não? – Pergunto mesmo já sabendo da resposta.

- Não Yanagor, você tem mais poder do que só isso, e ao contrario do que você acredita, você é muito mais que apenas um ser maldito criado de uma união proibida, você é a peça chave para a guerra que esse louco está para gerar, pois foi o sangue de um Shemânphora puro, o seu sangue, que lacrou os portais, levando Beliel a uma subsistência se alimentando do sangue e humanos e de vampiros, infelizmente paguei um preço um pouquinho alto, fui banido para o mundo das fadas, aqui fiz meu ‘pé de meia’ se é que me entende. - A jovem senta em seu colo e o abraça, com o afeto de uma amante diante de seu amado.

- Sinto muito por tê-lo envolvido nessa coisa toda, mas você precisava saber, pois os dois últimos Tudos, foram transformados em Shemânphora. Se olhar por esse ponto de vista, você é uma criação tanto minha quanto de Beliel, isso faz de você um Legado, você carrega sob suas costas algo maior que seus três pares de asas, você sempre buscou um objetivo pra sua vida não buscou, estou te entregando a responsabilidade de proteger toda a humanidade e manter o equilíbrio entre os mundos, sobre sua fome centenária, sinto muito, posso lhe enviar quantas fadas forem necessárias, mas será uma solução temporária, o único meio é tomar o sangue de um mortal.

- Nem tudo em nossas vidas é fácil não é? – Comento.

- Esse é o espírito garoto! – Diz o Tudos voltando a sorrir. “– Volte aqui amanhã durante os primeiros raios da alvorada, só consigo aparecer ou ao nascer ou no por do Sol, agora acho que você tem trabalho, boa sorte Yanagor Tudos....

Ditas estas palavras, Robin e sua acompanhante começam a se tornar transparentes até por fim desaparecerem, praguejo um pouco pego meu maço de cigarros, quase todos molhados, mas felizmente salvei um. Pego meu isqueiro, encharcado, penso nas palavras do ‘Rei das Fadas’, ponho o cigarro na boca e trago mesmo sem ele estar aceso e como num passe de mágica, sua ponta fica incandescente, e começo a fumar, dou um sorriso e saio caminhando em direção da saída da caverna, percebendo que ainda estou no parque e parou de chover, é hora de caçar.....

CONTINUA...

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